Nota de Imprensa
Estrela morta rodeada por luz
Dados MUSE apontam para estrela de neutrões isolada situada para além da nossa Galáxia
5 de Abril de 2018
Novas imagens obtidas pelo Very Large Telescope do ESO no Chile e outros telescópios, revelaram uma paisagem rica em estrelas e nuvens de gás brilhante numa das nossas galáxias vizinhas mais próximas, a Pequena Nuvem de Magalhães. As imagens permitiram aos astrónomos identificar um corpo estelar elusivo enterrado no meio de filamentos de gás, libertados por uma explosão de supernova há cerca de 2000 anos atrás. O instrumento MUSE foi utilizado para estabelecer onde é que se encontrava este objeto e dados do Observatório de Raios X Chandra confirmaram a sua identidade como sendo uma estrela de neutrões isolada.
Novas imagens criadas a partir de dados obtidos por telescópios terrestres e espaciais [1], contam-nos a história da caçada de um elusivo objeto perdido, escondido no seio de um complexo emaranhado de filamentos gasosos na Pequena Nuvem de Magalhães, a cerca de 200 000 anos-luz de distância da Terra.
Novos dados do instrumento MUSE, montado no Very Large Telescope do ESO, no Chile, revelaram um anel de gás num sistema chamado 1E 0102.2-7219, a expandir-se lentamente no seio de vários outros filamentos de gás e poeira a deslocarem-se rapidamente, deixados para tás depois da explosão de uma supernova. Esta descoberta permitiu a uma equipa liderada por Frédéric Vogt, bolseiro do ESO no Chile, descobrir a primeira estrela de neutrões isolada com um campo magnético fraco, situada para além da Via Láctea.
A equipa notou que o anel se centrava numa fonte de raios X, a qual tinha sido já detectada há alguns anos e designada por p1. A natureza desta fonte tinha permanecido um mistério. Em particular, não era claro se p1 se situava no interior do resto de supernova ou por detrás deste. Foi apenas quando o anel de gás — que inclui tanto neon como oxigénio — foi observado pelo MUSE, é que a equipa se apercebeu que esta estrutura circundava perfeitamente p1. A coincidência era tão grande que os investigadores perceberam que p1 devia situar-se no interior do próprio resto de supernova. Uma vez conhecida a localização de p1, a equipa usou as observações de raios X existentes para este objeto, obtidas pelo Observatório Chandra, para determinar que se tratava de uma estrela de neutrões isolada, com um campo magnético fraco.
Nas palavras de Frédéric Vogt: “Quando procuramos uma fonte pontual, não podemos esperar melhor do que o Universo desenhar-nos, literalmente, um círculo em torno de onde devemos procurar.”
Quando as estrelas massivas explodem sob a forma de supernovas, deixam para trás uma rede intricada de gás quente e poeira conhecida por resto de supernova. Estas estruturas turbulentas são a chave para a redistribuição dos elementos mais pesados — os quais são sintetizados pelas estrelas massivas ao longo da sua vida e quando morrem — para o meio interestelar, onde eventualmente formarão novas estrelas e planetas.
Com uns típicos 10 km, mas pesando mais que o nosso Sol, pensa-se que as estrelas de neutrões isoladas com campo magnético fraco são relativamente abundantes no Universo, no entanto são muito difíceis de encontrar uma vez que só brilham nos comprimento de onda dos raios X [2]. O facto da confirmação de p1 como estrela de neutrões isolada ter sido possível graças a observações no visível é, por isso, particularmente entusiasmante.
A co-autora do estudo Liz Bartlett, também bolseira do ESO no Chile, sumariza a descoberta: “Trata-se do primeiro objeto deste tipo a ser encontrado para além da Via Láctea, graças ao MUSE. Pensamos que este trabalho pode abrir novas vias na descoberta e estudo destes restos estelares tão elusivos.”
Notas
[1] A imagem combina dados do instrumento MUSE, montado no Very Large Telescope do ESO no Chile, do Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA e do Observatório de Raios X Chandra da NASA.
[2] As estrelas de neutrões altamente magnéticas em rotação rápida são chamadas pulsares. Estes objetos emitem fortemente no rádio e noutros comprimentos de onda, sendo por isso mais fáceis de encontrar, no entanto são apenas uma pequena fração de todas as estrelas de neutrões que se pensa existirem.
Informações adicionais
Este trabalho foi descrito num artigo científico intitulado “Identification of the central compact object in the young supernova remnant 1E 0102.2-7219”, de Frédéric P. A. Vogt et al., que foi publicado na revista de especialidade Nature Astronomy.
A equipa é composta por Frédéric P. A. Vogt (ESO, Santiago, Chile & ESO Fellow), Elizabeth S. Bartlett (ESO, Santiago, Chile & ESO Fellow), Ivo R. Seitenzahl (University of New South Wales Canberra, Austrália), Michael A. Dopita (Australian National University, Canberra, Austrália), Parviz Ghavamian (Towson University, Baltimore, Maryland, EUA), Ashley J. Ruiter (University of New South Wales Canberra & ARC Centre of Excellence for All-sky Astrophysics, Austrália) e Jason P. Terry (University of Georgia, Athens, EUA).
O ESO é a mais importante organização europeia intergovernamental para a investigação em astronomia e é de longe o observatório astronómico mais produtivo do mundo. O ESO tem 15 Estados Membros: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Holanda, Itália, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça, para além do país de acolhimento, o Chile, e a Austrália, um parceiro estratégico. O ESO destaca-se por levar a cabo um programa de trabalhos ambicioso, focado na concepção, construção e operação de observatórios astronómicos terrestres de ponta, que possibilitam aos astrónomos importantes descobertas científicas. O ESO também tem um papel importante na promoção e organização de cooperação na investigação astronómica. O ESO mantém em funcionamento três observatórios de ponta no Chile: La Silla, Paranal e Chajnantor. No Paranal, o ESO opera o Very Large Telescope e o Interferómetro do Very Large Telescope, o observatório astronómico óptico mais avançado do mundo, para além de dois telescópios de rastreio: o VISTA, que trabalha no infravermelho, e o VLT Survey Telescope, concebido exclusivamente para mapear os céus no visível. O ESO é também um parceiro principal em duas infraestruturas situadas no Chajnantor, o APEX e o ALMA, o maior projeto astronómico que existe atualmente. E no Cerro Armazones, próximo do Paranal, o ESO está a construir o Extremely Large Telescope (ELT) de 39 metros, que será “o maior olho do mundo virado para o céu”.
Links
Contactos
Frédéric P. A. Vogt
ESO Fellow
Santiago, Chile
Email: fvogt@eso.org
Elizabeth S. Bartlett
ESO Fellow
Santiago, Chile
Email: ebartlet@eso.org
Richard Hook
ESO Public Information Officer
Garching bei München, Germany
Tel: +49 89 3200 6655
Telm: +49 151 1537 3591
Email: rhook@eso.org
Margarida Serote (Contacto de imprensa em Portugal)
Rede de Divulgação Científica do ESO
e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço,
Tel: +351 964951692
Email: eson-portugal@eso.org
Sobre a Nota de Imprensa
Nº da Notícia: | eso1810pt |
Nome: | 1E 0102.2-7219, p1 |
Tipo: | Local Universe : Star : Evolutionary Stage : Neutron Star |
Facility: | Very Large Telescope |
Instrumentos: | MUSE |
Science data: | 2018NatAs...2..465V |
Our use of Cookies
We use cookies that are essential for accessing our websites and using our services. We also use cookies to analyse, measure and improve our websites’ performance, to enable content sharing via social media and to display media content hosted on third-party platforms.
ESO Cookies Policy
The European Organisation for Astronomical Research in the Southern Hemisphere (ESO) is the pre-eminent intergovernmental science and technology organisation in astronomy. It carries out an ambitious programme focused on the design, construction and operation of powerful ground-based observing facilities for astronomy.
This Cookies Policy is intended to provide clarity by outlining the cookies used on the ESO public websites, their functions, the options you have for controlling them, and the ways you can contact us for additional details.
What are cookies?
Cookies are small pieces of data stored on your device by websites you visit. They serve various purposes, such as remembering login credentials and preferences and enhance your browsing experience.
Categories of cookies we use
Essential cookies (always active): These cookies are strictly necessary for the proper functioning of our website. Without these cookies, the website cannot operate correctly, and certain services, such as logging in or accessing secure areas, may not be available; because they are essential for the website’s operation, they cannot be disabled.
Functional Cookies: These cookies enhance your browsing experience by enabling additional features and personalization, such as remembering your preferences and settings. While not strictly necessary for the website to function, they improve usability and convenience; these cookies are only placed if you provide your consent.
Analytics cookies: These cookies collect information about how visitors interact with our website, such as which pages are visited most often and how users navigate the site. This data helps us improve website performance, optimize content, and enhance the user experience; these cookies are only placed if you provide your consent. We use the following analytics cookies.
Matomo Cookies:
This website uses Matomo (formerly Piwik), an open source software which enables the statistical analysis of website visits. Matomo uses cookies (text files) which are saved on your computer and which allow us to analyze how you use our website. The website user information generated by the cookies will only be saved on the servers of our IT Department. We use this information to analyze www.eso.org visits and to prepare reports on website activities. These data will not be disclosed to third parties.
On behalf of ESO, Matomo will use this information for the purpose of evaluating your use of the website, compiling reports on website activity and providing other services relating to website activity and internet usage.
Matomo cookies settings:
Additional Third-party cookies on ESO websites: some of our pages display content from external providers, e.g. YouTube.
Such third-party services are outside of ESO control and may, at any time, change their terms of service, use of cookies, etc.
YouTube: Some videos on the ESO website are embedded from ESO’s official YouTube channel. We have enabled YouTube’s privacy-enhanced mode, meaning that no cookies are set unless the user actively clicks on the video to play it. Additionally, in this mode, YouTube does not store any personally identifiable cookie data for embedded video playbacks. For more details, please refer to YouTube’s embedding videos information page.
Cookies can also be classified based on the following elements.
Regarding the domain, there are:
- First-party cookies, set by the website you are currently visiting. They are stored by the same domain that you are browsing and are used to enhance your experience on that site;
- Third-party cookies, set by a domain other than the one you are currently visiting.
As for their duration, cookies can be:
- Browser-session cookies, which are deleted when the user closes the browser;
- Stored cookies, which stay on the user's device for a predetermined period of time.
How to manage cookies
Cookie settings: You can modify your cookie choices for the ESO webpages at any time by clicking on the link Cookie settings at the bottom of any page.
In your browser: If you wish to delete cookies or instruct your browser to delete or block cookies by default, please visit the help pages of your browser:
Please be aware that if you delete or decline cookies, certain functionalities of our website may be not be available and your browsing experience may be affected.
You can set most browsers to prevent any cookies being placed on your device, but you may then have to manually adjust some preferences every time you visit a site/page. And some services and functionalities may not work properly at all (e.g. profile logging-in, shop check out).
Updates to the ESO Cookies Policy
The ESO Cookies Policy may be subject to future updates, which will be made available on this page.
Additional information
For any queries related to cookies, please contact: pdprATesoDOTorg.
As ESO public webpages are managed by our Department of Communication, your questions will be dealt with the support of the said Department.